domingo, 5 de dezembro de 2010

As "figuras" da minha vida




Sempre conheci e me relacionei com "gente normal", mas desde que me mudei conheci pessoas nem um pouco convencionais.
Fomos umas das primeiras famílias a mudar e, digamos que, conforme os novos habitantes foram chegando, eu me sentia em um "campo experimental da NASA".
Nas minhas muitas tentativas em parar de fumar, conheci a mulher da foto acima na natação do Miéssimo da Silva.
Na época ela já dava sinais claros de que não era normal, mas não era assim tão estranha como está na foto.
Ela era loura e usava umas flores naturais enormes nos cabelos, uns óculos escuros exagerados e roupas extravagantes.
Algumas vezes a encontrava no centro de Campo Grande e estava quase sempre acompanhada de dois cachorros boxer, que usavam lenços nos pescoço, chapéu de cowboy e óculos escuros.
Era impressionante como dois cachorros enormes se deixavam vestir e caminhavam ao lado dela sem se importarem nem mesmo com os óculos escuros.
Numa Copa do Mundo dessas da vida, a figura resolveu se vestir dos pés à cabeça de verde e amarelo, depois fez uma mecha verde no cabelo.
Depois que um de seus cachorros morreu, ela pintou o cabelo definitavamente para verde.
Pintou sua casa de verde, amarelo e passou a se vestir de maneira patriota e chamar a atenção de todos.
Ela ganhou até uma versão mais "brega" que passeia pelo calçadão de Copacabana.
Eu sei que o seu nome é Terezinha, mas muitas histórias foram criadas em torno da sua figura.
Alguns dizem que era viúva de desembargador, juíza aposentada, que os filhos de moram fora do país, que nunca teve filhos, mas o que sei é que é uma pessoa muito simpática e muito sozinha.




Não sei se vai dar para ver, pois não sei se seria bem recebida se chegasse mais perto para tirar, mas queria que prestassem atenção numa senhorinha de cabelos brancos com um microfone na mão no fundo do bar.
Ontem, estava meio chateada e resolvi comer um cachorro quente na praia de Sepetiba.
Logo que cheguei, notei três senhoras que eu achava que estavam indo para o "bar da terceira idade", um pequeno bar com música ao vivo, onde se reúnem as pessoas de mais idade para dançarem ao som de belas músicas.
Como o "choque de ordem" ainda não chegou até lá, podemos comer absolutamente de tudo na praia de Sepetiba e a novidade agora é self service de cachorro quente.
A gente ganha um pão com uma salsicha e um ovo de codorna e vai até um balcão e se serve do que quiser.
Enquanto comia o meu cachorro quente, observava um bando de crianças que brincava entre os barcos encalhados pela maré baixa e me lembrava da minha infância na Ilha da Conceição e de quando eu mesma brincava com outras crianças pelos barcos ancorados.
Já pela hora de voltar para casa, vi essa senhora pegar o microfone para cantar no vídeokê e resolvi parar para ouvir. 
Na hora pensei que ia cantar alguma música "das antigas", quando para minha surpresa começou a cantar "Mulher madura" de Frank Aguiar. 
Ela cantava, dançava e falava o tempo todo: "É nós na pista"
A voz era ruim, mas a animação empolgava qualquer um!
Eu fiquei parada esperando ela acabar de cantar aquela música e ainda fiquei bom tempo observando ela cantar outra.
Eu já estava pronta para me juntar a ela, quando meu marido me puxou pelo braço para irmos embora.
Não sei se é o sol que é muito forte nesse lugar, mas a quantidade de doidos de todos os gêneros que tem por aqui é uma coisa impressionante!
Algumas vezes me pergunto onde foi que perdi essa alegria, quando me tornei tão preocupada com o "barulho" que incomoda os vizinhos - que na verdade não se importam nada comigo ou não criariam galos e perus que fazem um barulho irritante logo de madrugada, mas para quem já morou ao lado de um baile funk, um galo não é nada que uma espingarda de chumbinho não possa resolver.
Talvez se continuar a morar aqui até a idade delas, depois de tomar todo esse sol na cabeça e continuar a tomar cerveja de 3 por 5,00, acabe ficando igualzinho, pois tendência eu já tenho.

2 comentários:

  1. minha querida, desculpe a ausencia,eu e meu colega do terza rima estamos em um mes de correria, mas é sempre bom ler seus textos carinhosamente escritos.

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  2. rs...
    Não precisa nem dizer q me acabei de rir com esta descrição, imaginar os cachorros nesta pinta toda...
    Eles deviam se acharem Pop Star.
    Que figura mesmo.

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