terça-feira, 9 de outubro de 2012

Crônica da infelicidade




"- Ridículo, só se for você sem roupa! Tu é feia prá caralho!"
Foi assim que Betinho terminou mais uma discussão com Albertina.
Na verdade, não tinha sido nem uma  briga, pois para que isso seja possível, tem que ter pelo menos duas pessoas envolvidas, mas Betinho esbravejava sozinho e falava todo tipo de impropérios possíveis e imagináveis, tentando fazer com que sua companheira se sentisse diminuída e infeliz. Mas isso nem de longe afetava a mulher que se acostumara com as ignorâncias do marido.
Dessa vez tudo começou com o presente de aniversário que Betinho deu para a esposa...
Como sempre, Betinho comprou algo que a esposa estava precisando, porém, não perguntou se era o modelo desejado por ela e, mais uma vez não serviu e não agradou.
Assim que abriu o presente, Albertina pensou em perguntar se dava para trocar, mas preferiu não falar nada para não dar confusão. Tentou usar o presente, porém não servia para a sua necessidade e foi ai que o marido tentou "fabricar" uma peça em casa para "adaptar" ao presente e Albertina se negou a usar coisa tão feia e tão pesada. E foi assim que tudo começou...
Imediatamente, Betinho quebrou "a peça" no joelho e chamou a mulher de ingrata. Logo após, começou com os ataques pessoais a que estava acostumado, chamando a mulher de louca, demente e dizendo que ela era uma nada, um zero á esquerda.
Acostumada com tudo isso, Albertina não falou nada e se recolheu aos seus aposentos, onde ouviu o marido proferir "palavras de carinho" durante todo o dia.
A noitinha, a mulher conversava com seu filho sobre trivialidades, quando Betinho achou que estava falando dele e logo reiniciou seus ataques, quando finalmente a esposa aplaudiu e disse uma única palavra: "ridículo".
"Ridículo só se for você sem roupa! Tu é feia pra caralho!"
Ouvindo aquilo, Albertina esperou o dia seguinte, quando o marido saiu para trabalhar, e retirou tudo que era importante para ela daquela casa: filho, cachorros, plantas, ..., deixando Betinho completamente sozinho com suas grosserias.
Não demorou muito para a casa ruir, Betinho se tornar alcoólatra, o quintal se encher de lixo...
E Albertina? Ah! Essa vai muito bem, obrigada, pois não tem mais que não tentar enlouquecer ao lado de uma pessoa que nunca lhe teve a menor consideração.
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