sexta-feira, 28 de agosto de 2009

"Só é possível filosofar em alemão"


Há muito tempo a língua portuguesa não está mais nem em segundo plano, está em último.
A língua é um organismo vivo e que todos, indiscriminadamente, usam para se comunicar.
De primeiro as pessoas tinham um cuidado maior com o que falavam e escreviam, mas hoje em dia qualquer um escreve qualquer coisa em qualquer lugar sem se dar ao trabalho de saber se está escrevendo certo ou errado.
Tudo bem que ter feito o Curso de Letras não me transformou em um dicionário ambulante, mas tem erros tão gritantes que chego a ler em voz alta para entender o que a pessoas quiseram dizer.
Os telejornais costumavam ser fontes aprendizado, pois até mesmo o sotaque era padronizado para que o telespectador pudesse ter um claro entendimento da notícia.
Depois que o ministro do trabalho, Antonio Rogério Magri inventou a palavra “imexível” e alguns “letrados” disseram que a palavra era linguisticamente possível, várias outras palavras foram inventadas e incorporadas ao nosso vocabulário e os telejornais deixaram de ser fonte confiável.
Depois do “linguisticamente possível”, foi como se abrissem a porteira para passar a boiada!
É certo que a língua portuguesa não é das mais fáceis de ser estudada, mas fazer questão de ignorar todas as regras como se tem feito nos dias de hoje é um absurdo!
Tenho ouvido constantemente nos telejornais “Risco de morte”.
Pessoas correm risco de morrer ou risco de vida (de perder a vida).
O que se perde no risco de morte?
Vamos analisar, por exemplo, um personagem de novela: Mesmo no “núcleo rico” da novela, personagens comentem gafes horríveis!
Ora! Se um personagem pertence ao núcleo rico de uma novela, parte-se do princípio de que freqüentou as melhores escolas, fez faculdade e não era para cometer erros primários!
Será que o autor não tem um corretor de erros em seu computador?
Uma das coisas que me irrita muito é o tal do pleonasmo.
Outro dia estava vendo uma novelinha dessas da vida e ouvi o personagem dizer:
-“Minha filha, sobe lá para cima!”
Gostaria que me ensinassem a subir para baixo, pois quem sobe vai para cima. Bastaria dizer:
-“Minha filha, sobe!”
Nessa mesma linha do sobe para cima, ouvimos muitas vezes o desce para baixo, entra para dentro, saia para fora...
Os meus ouvidos chegam a doer com tanto absurdo falado nos meios televisivos.
Muitos tem mania de afirmar uma doença da seguinte forma: “João está maluco da cabeça.”
Se ele está maluco não poderia ser de outro órgão, ou existe maluco dos pés?
E o surdo do ouvido?
Já viram algum surdo dos olhos?
Acabei me cansando das novelas e fui ver um programa de culinária e a apresentadora falou:
-“Pegue a laranja e divida em duas metades iguais.”
Nessa hora eu decidi escrever um e-mail malcriado dizendo para ela que se é metade é igual, senão não é metade.
Eu vou acumulando os absurdos falados, escritos e publicados pelas pessoas e vou ficando cada vez mais desesperada, depois da internet, qualquer um pode escrever qualquer coisa e se julgar escritor, inclusive eu.
Hoje passando pela portaria recebi um Edital de Convocação para a reunião mensal do condomínio que dizia o seguinte:
“Caro condômino
Estamos convocando todos os moradores para que compareçam pessoalmente a nossa reunião, pois estaremos elegendo o novo síndico.
Precisamos encarar de frente a nossa situação e precisamos da unanimidade de todos em nossa reunião.”
Eu, logicamente, não iria a uma reunião presidida por um analfabeto. Até pensei em corrigir e explicar a minha ausência, mas fiquei com medo de que cada vez que fizessem uma reunião me dessem para fazer a correção. Aliás, era assim nos meus últimos empregos.
Eu acho que entendo perfeitamente porque o governo não concede o direito de exploração da mídia a qualquer pessoa. Onde eu moro tem várias rádios comunitárias e nenhuma delas fala nada que preste.
Ouvindo uma dessas rádios ouvi o locutor dizendo que ia toca uma música da Vanessa Camargo, filha do Zezé di Camargo e Luciano.
Depois entrou o serviço de utilidade pública onde o locutor afirmava estar em mãos uma certidão de óbito e pedia ao dono do documento que comparecesse ao estúdio para retirá-lo.
Desliguei o rádio, pois já estava ficando vermelha de ódio!
Fui cantar no novo Dvdokê que meu marido comprou.
Terminei a música e esperei a pontuação: “91 Parabéns, você é quase um proficional “
Chega! Vou mudar para um país onde a língua seja mais fácil de ser escrita e não haja tantos erros imbecis!


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