terça-feira, 23 de junho de 2009

Solidão


Luzes e sombras dividem meu ser.
Luzes iluminam meu corpo,
Sombras escurecem minh’alma.
Espelhos espalhados pela casa
Refletem imagens,
Escondem a alma.
Olho em volta, não me reconheço.
Tudo é impessoal.
Abro armários, gavetas,
Nada me representa,
Em nada me encontro.
Vago tonta, doida, doente,
Histérica.
Onde foi parar a menina?
Aquela dos cabelos encaracolados?
A que não queria ser comandada?
Foi livre, mas os fios foram fincados,
A marionete se fez eterna.
Doeu quando os pregos entraram,
Mas os fios se puseram sozinhos,
Com amor e carinho.
Tudo agora é antinatural.
Morri,
Mas meu corpo continua a caminhar.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A difícil tarefa de ser mãe nos dias de hoje






A mulher hoje quer trabalhar e precisa complementar a renda familiar. Só que fica sempre a grande dúvida: Com quem deixar as crianças?
As creches com horário integral são caras e poucas e contratar um babá é um risco que nem todas querem correr.
Em quem confiar no mundo louco em que vivemos?
Uma amiga minha mandou trazer uma prima de seu marido que morava no nordeste para tomar conta das suas 2 crianças. De cara, todos os yogurtes e frutas desapareceram, depois começou a notar que seu bebê de apenas 4 meses estava dormindo demais.
Após consultar a sua “farmacinha”, notou que todos os remédios infantis para febre haviam acabado. A “parenta” estava colocando “gotinhas” nas mamadeiras para que a criança dormisse.
Ora bolas! Se uma pessoa da família faz isso, que dirá um estranho?
Lógicos que hoje em dia temos muito mais recursos para vigiar essas coisas e os casos aparecem com mais facilidade do que anos atrás.
Meu marido tinha um amigo que foi molestado sexualmente pela babá quando tinha apenas 8 anos de idade e a mãe nunca ficou sabendo!
Eu nunca confiei meu filho a ninguém, resolvi mesmo ficar em casa e cuidar dele enquanto crescia. Está certo que depois fica quase impossível voltar ao mercado de trabalho, mas ainda assim me sinto feliz.
Eu não gosto muito de julgar as pessoas, mas se a pessoa não tem paciência com crianças não pode trabalhar com elas.
Eu não tenho paciência com crianças, não dou a atenção que elas precisam e acabo tratando criança como gente grande, mas não sou de bater. Bater em criança é covardia!
Eu fico observando algumas mães que berram tanto com as crianças que dá pena!
Ninguém é obrigado a ter filhos, mas parece que algumas mulheres não sabem disso e engravidam pelos mais variados motivos e não por desejarem a criança.
Como fazer para ter filhos e trabalhar sossegada? Nos dias de hoje, só com muita sorte e alguma tecnologia.
Existem no mercado algumas câmeras espiãs bem interessantes. Ainda outro dia vi uma que ficava escondida no olho de um ursinho de pelúcia!
Algumas são bem pequenas e podem ser instaladas em locais estratégicos, mas onde seria esse lugar?
O amigo de meu marido era molestado no quarto onde a babá dormia. Não seria invasão de privacidade instalar uma câmera até onde a babá dorme?
Eu conheci uma senhorinha que nem ler sabia, mas cuidava “das suas crianças” com tanto amor e carinho que eu me pergunto se podemos julgar que uma pessoa com mais “qualificação” é a mais indicada para a tarefa. Algumas vezes, contratamos pessoas que tem diploma disso e daquilo e não serve para a tarefa. Lógico que uma pessoa que não sabe ler não vai pode ajudar nas tarefas da escola, mas para isso existem as professoras particulares.
Por mais que você conheça uma pessoa, por mais que ela tenha indicações, fica difícil saber o que acontece realmente quando você não está em casa. Tudo é lindo e cintilante quando os donos estão em casa.
É muito difícil e custoso criar uma criança e trabalhar fora, pois, por mais que você tente delegar tarefas, ninguém vai fazer como você, portanto, pense antes de decidir ter filhos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Regras de educação - Parte 1

Todos temos que viver em sociedade, para isso, temos que conviver com pessoas, porém, a maioria das pessoas não entende muito bem o limite entre a amizade e o incômodo.
Pensando nisso, e também no sério incômodo que os vizinhos me causam e vice versa, resolvi lançar uma série de regrinhas de como viver em sociedade:


1 – Se você está caminhando pelas ruas do seu condomínio conversando com sua digníssima senhora, filhos ou netos, saiba que se o cachorro em frente latir você:


a) Se for um poodle, não ligue, pois esses cachorrinhos latem para qualquer coisa;
b) Se for um pastor alemão, um boxer, o seu tom de voz está um pouco acima da média aceitável;
c) Se for um yorkshire, o seu tom de voz está muito acima do aceitável, pois se um cachorro preguiçoso como esse latiu é porque você realmente falou alto demais;
d) Se NENHUM cachorro latiu, preocupe-se, você virou um fantasma.


2 – Se você chega em casa e toca a buzina saiba que:


a) A sua esposinha, empregada ou qualquer outro familiar que está quentinho dentro de casa não fica muito feliz em sair e abrir o portão para o MARAJÁ entrar;
b) O seu vizinho não é surdo e pode estar perdendo algum diálogo na TV;
c) Pode despertar a ira do cachorro do vizinho ao lado e os demais, além da sua buzina irritante, vão ter que aturar o pentelhinho parar de latir;
d) Se ninguém se incomodar com ela, relaxe, pois você está morando em um condomínio de drogados ou no céu.


3 – Se o seu vizinho te acordar com um som super alto no domingo leve as seguintes questões em considerações:


a) Se fizer isso apenas uma vez, pode estar com problemas conjugais, isso vai passar;
b) Se fizer isso mais de uma vez, pode estar com problemas financeiros, mas isso também vai passar;
c) Se fizer isso 3x seguidas, está com sérios problemas em família, mas entenda, vai passar;
d) Se fizer isso por um mês ou mais, chegue a conclusão que o problema dele é com você e que certamente não vai parar antes de uma boa “conversa”.




4 – Se você leva “seus moleques” para brincar na pracinha ou no play:


a) Ou deixa a “molecada” brincar ou relaxa, fique de olho, mas não aos BERROS;
b) Leva uma coleira e prende a “molecada” no seu pé;
c) Brinca com a “molecada”, mas sem exageros;
d) Ou é melhor não sair com eles, pois não tem nada mais desagradável do pai ou mãe GRITANDO o nome da criançada.


5 – Se você é uma pessoa muito festeira, saiba que:
a) Fazer uma festa com pagode tocando alto e churrasco no dia das mães, dos pais, nos aniversários das pessoas que vivem na casa, no Natal e no Fim de Ano, não incomoda ninguém;
b) Fazer uma festa com pagode alto, foras as datas acima mencionadas e em um final de semana ou outro, também não incomoda ninguém;
c) Fazer uma festa com churrasco e pagode todo final de semana começa a incomodar;
d) Fazer uma festa com churrasco, pagode e funk, todo final de semana, no dia das mães, no dia dos pais, no Natal, no Final de Ano, em todos os aniversários dos habitantes da casa e de todas as pessoas da sua família, inclusive a sua sogra, saiba que os seus vizinhos não tem “saco de filó”. Principalmente se fizer o aniversário da sua sogra numa quarta-feira à noite.


6 – Se você não escuta bem e tem um Home Theater em sua casa:


a) Melhor que faça um isolamento acústico em sua sala;
b) Saiba que o seu vizinho pode quer estar assistindo outra coisa;
c) Se quiser muito assistir algo, melhor convidar os amigos e vizinhos e comprar muita pipoca;
d) Faça um exame auditivo.




7 – Se você é muito religioso, guarde para si:


a) Nada incomoda mais seus vizinhos do que ter que ouvir hinos e louvores no último volume do seu som;
b) Se beber, não fale de religião, pois não existe nada mais cômico do que bêbado fazendo pregação;
c) Nada de dizer aos seus vizinhos que as “catástrofes” que acontecem em sua vida é falta de religião, ele pode achar que deve atirar pedras em suas vidraças quando você estiver trabalhando;
d) Se o seu vizinho é ateu, evite-o, principalmente se ele for maior que você, pois ele pode achar que tudo que você fala é pessoal e resolver se “pegar no braço” como você para resolver a situação.


8 – Se tem filho adolescente seja mais maleável:


a) Você pode passar pelo ridículo de reclamar de algo em que seu filho também esteja envolvido;
b) Não reclame do filho dos outros, pois você não sabe como o seu se comporta com os demais;
c) Nunca, mas nunca se envolva na briga “das crianças”, você pode se espantar com a rapidez com que eles fazem as pazes;
d) Por último, se algum pai de um amiguinho de seu filho bater na sua porta se esconda atrás das cortinas ou se finja de morto, pois você pode se indispor à toa com os vizinhos


9 – Se a sua amantíssima esposa ou filho não sabem dirigir:


a) Não use as ruas do condomínio para ensiná-los, pois sempre tem uma criancinha que pode ser atropelada sem querer;
b) Nunca deixe que dirijam nas ruas próximas sem a sua presença, pois alguma senhora mais exaltada irá te acordar na hora daquele soninho da tarde de domingo para lhe dizer que estão “barbarizando” o bairro;
c) Se resolver correr o risco de ensiná-los a dirigir nas ruas do condomínio, nunca, mas nunca deixe a fofoqueira local descobrir, pois certamente irá se queixar ao síndico.
d) Se o seu filho pegar o carro e realmente “barbarizar” pelas ruas do condomínio e algum vizinho vier reclamar, jure de pé junto que pegou o carro sem que você soubesse.


10 – Por último e não menos importante, se você mora em um condomínio de casas e tem muito espaço ocioso, não crie animais que, embora bonitinhos, não são domésticos:


a) Galos cantam fora de hora e podem ser estrangulados por cantarem no meio da noite;
b) Bodes soltos podem achar que o bumbum de alguma criança é um alvo;
c) Cavalos não podem e não devem ser adestrados no campinho de futebol, pois atrapalha a pelada da garotada;
d) Mesmo que o seu animal doméstico seja uma cachorro, mas se ele tiver a aparência do Rei Leão, não o solte para fazer “suas necessidades” pelas ruas, pois ele pode confundir perna de criança com coxinha de galinha e o pai da criança pode confundi-lo com alvo móvel para treino de tiro.




segunda-feira, 15 de junho de 2009

A bundalização nacional

Tem gente que faz qualquer papel para descolar um troco!

A bundalização do Brasil


Há alguns meses eu estava lendo o blog de um amigo e ele falava sobre a cultura brasileira e como estava ficando decadente. Lembro dele ter criticado o sucesso de vendas do livro da Bruna Surfistinha em detrimento a clássicos, que mal saem das prateleiras das bibliotecas, quanto mais das livrarias.
Lembro-me de que, na época, o livro ganhou reportagem com destaque no jornal de domingo.
O fato é que tem me assustado a enxurrada de mulheres comestíveis que entrou no mercado atualmente.
É mulher melancia para cá, mulher melão prá lá, mulher moranguinho, caviar, filé, salada de frutas e não sei mais o que.
Eu pensei que ter sabor fosse privilégio das camisinhas, mas hoje percebo que não.
O que mais me impressionou foi saber que a Mulher Melancia está fazendo sucesso até em Lisboa!
Parece que a moda agora é rebolar até o chão e mostrar as calcinhas, quando elas se dão ao desfrute de colocar calcinha.
Acorda Sheron Stone, sua cena mais famosa agora é sessão da tarde!
A coisa é tão assustadora que tenho medo de conversar com meu filho de 14 anos sobre sexo, pois é bem capaz dele saber mais do que eu.
Tudo bem que homem come qualquer coisa, mas estive vendo umas fotos dessas meninas sem o famoso photoshop e algumas são assustadoras.
Não é que a bundalização seja uma coisa moderna, que a gente nunca tenha visto isso antes, pois está ai a Rita Cadilac que ainda sorteia um homem da platéia para dar um beijinho no seu bumbum ao final do show!
De vez em quando aparecia essa ou aquela “cantora” que só fazia sucesso por conta do seu “material”, mas, como não tinha outros “talentos” desaparecia ou virava “coisa pitoresca”, que aparecia nesse ou naquele programa que quase ninguém vê.
Depois do grupo É o tchan, que teve suas novas dançarinas escolhidas no Programa do Faustão, com direito a votação do telespectador, a coisa parece que ficou mais evidente e agressiva.
Ainda me lembro que na época da fama do É o tchan, meu filho freqüentava um jardim de infância supercaro e na festa junina, ao invés de dançar caipira, dançou o Tchan!
Eu assisti meu filho dançando o tchan num dia e tirei ele do colégio no outro!
Está certo que eu não sou muito chegada à festas juninas, mas tem toda aquela coisa da tradição, da história e tal, mas daí a transformar festa junina em carnaval é demais para o meu fígado.
Olhando para trás, vejo que as dançarinas do tchan eram até bem comportadas, pois o tchan mesmo elas só mostravam em revistas masculinas.
Agora o tchan está tão à mostra que logo as pessoas cansam de ver e arrumam outro tchan diferente para olhar.
Se eu fosse homem, com tanto tchan de mulher à mostra, virava homossexual, pois de homem a gente não vê com tanta facilidade, pelo menos seria novidade.
Mas voltando a abundância de bundas que tomou conta da mídia atualmente, o que mais me chocou mesmo foi ver um vídeo da “mulher celulite” com um vestido minúsculo rebolando. Como o vestido não levantou, ela mesma se encarregou de levantá-lo para mostrar as calcinhas.
O pior disso tudo é que eu estava no centro da cidade e tinha um monte de marmanjo babando ao ver as celulites da mulher balançar, mas eu garanto que se a “esposinha” engordar 3 quilinhos que seja eles logo as rejeitam!
Outra coisa que ficou vagando em meus pensamentos foi: Por que essa predileção por frutas?
Talvez porque sejam fáceis de serem digeridas.
Numa pesquisa mais profunda me deparei com uma declaração da “Mulher Filé”: “Chega de frutinha, homem gosta mesmo é de carne”.
Isso com certeza, pois o que babavam aqueles marmanjos por contas das celulites balouçantes da Mulher Celulite!
Aliás, celulite deve estar em alta mesmo, pois a Priscila do BBB9 fez o maior sucesso com a rapaziada e sabem o que ela fez com todo dinheiro que ganhou?
Operações plásticas para eliminá-las, pois todo homem gosta de mulher com bundão, mas para tirar onda, não para dividir uma vida.
Esse papo de mulher gostosa, mulher bundão é muito bom para a mulher dos outros, mas ninguém quer ser esse “outro”.
O pior é que essa enxurrada de “mulheres bundões” estão refletindo nas adolescentes.
Essa semana estava dando uma passada pelo Orkut do meu filho, fui na sua lista de amigos e tinha um montão de garotinhas que mal saíram das fraldas posando de bumbum arrebitado para trás!
Todas já sonham em ser a “bunda da vez”.
De primeiro a gente ia para a escola e pensava em ser médica, enfermeira, professora, agora elas sonham em serem mulheres de jogadores de futebol ou a bunda da vez.
Eu conheci uma menina muito bonita que, tanto encheram a cabeça dela até que resolveu virar “artista”. Ela desfilou de graça para um monte de lojas, pagava uma dessas agências para manter um Book atualizado, fez teste para isso, curso daquilo. No final, de tanto fazer teste de sofá, acabou aparecendo numa pontinha da Malhação e foi só. A garota desistiu e voltou a trabalhar e estudar porque tinha as contas para pagar no final do mês.
Parece que deu a louca no mundo e as pessoas estão querendo aparecer a qualquer preço, não importa se tenham que tirar a roupa, fazer filme pornográfico, o negócio é estar na mídia.
O que foram feitos dos sonhos normais, das pessoas normais?
O que vai acontecer quando esse monte de bunda começar a cair?
Acho que teremos um terremoto com tanta jaca, melancia e melão caindo.

Nádegas à declarar

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Ana e Mia


Hoje em dia é useiro e vizeiro a novelinha “Malhação” apresentar uma menina que sofra de anorexia ou bulimia.
A coisa se desenvolve, a menina faz uma ou duas sessões de terapia e pronto! Está tudo resolvido.
Certamente, mostrar a doença alerta para o assunto, entretanto, o desfeche da história não é satisfatório, pois se apresenta de forma simples, fácil de resolver e isso pode levar as pessoas a não darem tanta importância à doença.
Algumas podem simplesmente se identificar com a personagem doente, entretanto, pode deixar o tratamento para mais tarde, pois não é nada que não se possa resolver.
Na verdade, as duas doenças são muito perigosas e nada fáceis de serem curadas. Aliás, nenhuma doença de cunho psicológico é simples ou fácil de ser curada.
Muitos são os fatores que levam uma pessoa a adquirir as duas doenças, mas todos estão ligados a auto-estima.
A maioria dos psicólogos culpa a ditadura da moda pela existência da doença, pois as mulheres se acostumam a conhecer como “bonito e perfeito” corpos extremamente magros que aparecem nas páginas das revistas femininas.
Eu culpo o preconceito e a intolerância das pessoas pelo surgimento e desenvolvimento da doença, pois se os seres humanos soubessem respeitar as diferenças, certamente nenhuma menina se acharia feia por estar com alguns quilinhos a mais.
É importante saber que uma doença é completamente diferente da outra e que um paciente pode ter sintomas de uma ou, pior, das duas.
A anorexia ou ANA, como é chamada hoje, normalmente ocorre com meninas acima do peso. A menina para de comer, emagrece e ainda sim continua tendo em sua mente a imagem de quando estava “gordinha” e se nega a se alimentar.
O doente não tem uma visão real do seu corpo, portanto não acha que está doente ou que está fazendo algo extremamente destrutivo.
É muito difícil reconhecer um anorético, pois não apresenta nenhum sintoma aparente, além da magreza, mas basta convidá-lo para uma refeição e observar um pouco mais atento, que os sintomas se tornam evidentes.
O anorético coloca pouquíssima comida no prato e, normalmente, folhagens. Dificilmente um anorético colocará em seu prato algo que tenha que mastigar muito, pois o ato de mastigar fará com que se lembre que está comendo e isso lhe causará mal estar.
O anorético pode até colocar em seu prato “coisas” que jamais chegará a comer, mas que estarão ali para não causar qualquer desconfiança em quem lhe acompanha na refeição.
Algumas desculpas usadas para perda de uma ou duas refeições também são muito usadas: “Não tive tempo de almoçar”; “É muito tarde para jantar”; “Não dá tempo para tomar o café da manhã”...
O corpo chega a um ponto em que não tem mais o que perder e a balança começa a “descer” mais devagar, então o anorético passa a usar de subterfúgios para perder mais peso.
Alguns litros de água são ingeridos pelo anorético para que o estômago tenha a sensação de estar cheio. Gomas de mascar dietéticas também são usadas para o mesmo fim.
Suco de limão e vinagre são ingeridos pela manhã para não sentir fome e laxantes para eliminar qualquer vestígio de alimento no organismo.
Não precisamos dizer que a falta de alimentos no estômago e o uso excessivo de laxantes podem provocar graves doenças gástricas e intestinais.
A bulimia, ou MIA, como é chamada, pode apresentar dois tipos de pacientes distintos: O paciente que come demais e acredita que “colocando para fora” irá equilibrar sua refeição e o paciente anorético que se utiliza desse subterfúgio para emagrecer ainda mais.
A bulimia é mais uma doença associada à estética.
Normalmente, pacientes que passam por uma dieta muito rigorosa ou que conscientemente tentam uma reeducação alimentar, mas que, inconscientemente não a desejam, acabam tendo sintomas de bulimia.
A bulimia é mais grave nos pacientes anoréticos, pois além de não se alimentarem ou se alimentarem mal, colocam para fora tudo que ingerem.
Essas doenças, assim como qualquer doença psicossomática, é muito difícil de ser diagnosticada e tratada. Na maioria dos casos, apenas após ser internado por mais de uma vez, o paciente admite ser tratado e, mesmo após o tratamento, não se pode garantir a cura.
Os adolescentes são os que mais sofrem com essas doenças, entretanto não se pode afirmar que uma pessoa com mais idade não esteja desenvolvendo a doença.
Mesmo após um tratamento “eficaz”, uma vez anorético ou bulimico, sempre se deve ficar atento, pois a doença pode voltar ao menor sinal de crise ou adversidade.
A anorexia causa morte em 20% dos casos.
Vamos dizer não à sociedade hipócrita que destrói a mente e os corpos dos nossos jovens.
Vamos celebrar as pessoas normais!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Memória afetiva


Os dias são nublados quando as mentes estão nebulosas.
Difícil imaginar como o novelo se formou, mas fica mais difícil desenrolá-lo se não encontramos a ponta.
As lágrimas se acumulam em uma velha garrafa de champanhe importada, que outrora transbordara felicidade.
A pequena chama de uma vela ilumina um velho porão onde minha alma se repousa. As portas estão abertas, mas não há caminhos prá seguir.
Uma ameaçadora aranha sobe e desce a formar sua teia, mas eu continuo inerte, ouvindo vozes doces do passado se contrapondo a gritos, ordens e deboches do presente.
Um sorriso ameaçador, sarcástico, irônico, invade todo o local, tornando-me desacreditada.
Por que de tanto ódio e rancor?
Não entendo, mas por hora, não me importa mais, a teia já emaranhou meus caminhos e a aranha já se tornou soberana no centro de sua enorme teia.
Nada ouço, nada vejo, apenas escuridão onde antes havia luz, claridade, alegria e flores.
Viver dói, respirar dói e a solidão de viver apenas comigo, me consome.
Um cigarro, um vinho, bocas caladas e mais uma noite se vai sem a esperança do nascer do sol.
Os dias viraram noite, as noites, insônias.
De que vale dormir para quem não sabe mais sonhar?
De que vale sonhar para quem não tem mais esperanças?
De que vale a esperança para quem não consegue mais sorrir?
De que vale um sorriso para quem não vê sinceridade?
Busco em minha mente momentos de sol, mas apenas as trevas estão presentes nesse mundo imaginário onde me deixei repousar até o sol volte a brilhar.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Dona Alda

Era para ser um dia comum, uma insuportável segunda-feira.
Eu me levantei bem cedo e fui dar aulas no coleginho que montei com uma amiga.
Segunda-feira já é um dia chato, agora imaginem tendo de aturar “aborrecentes e rebeldes sem causa”?
Pedi muito para não trabalhar nesse dia, pelo menos pela manhã, mas não houve jeito.
Naquele dia ainda estava muito chateada, pois o clima não andava lá muito bom na escolinha.
Dei aulas a manhã inteira! Eram 3 turmas, sem direito a um descanso sequer.
Cheguei em casa correndo, como sempre, corri para o fogão para esquentar a comida para o meu filho, almocei em pé ao lado da pia e nada do moleque chegar.
Eu não podia esperar senão ia me atrasar para as aulas do turno da tarde.
Já estava quase me desesperando quando ouvi alguém aplaudindo no meu portão.
Na hora sabia que só podia ser algum problema com o meu filho. Ele está sempre aprontando, principalmente quando estou trabalhando fora de casa.
Corri para atender e era a Dona Alda velha mais velha do condomínio! Dona Alda é tão velha, mas tão velha que foi garçonete na santa ceia.
A Dona Alda não andava, arrastava os pés, não falava, grunhia.
Olhei em volta para ver se não havia mais ninguém com ela, pois era quase um milagre aquela criatura sair da última rua do condomínio e vir parar na minha porta. Nada, ela estava sozinha.
Depois do espanto, falei um seco e ríspido “pois não” para não dar muita margem para conversa.
Ela me olhou com seus olhos arregalados e disse:
- Seu filho está falando palavrão na minha porta!
Num misto de alegria e euforia por finalmente saber onde meu filho estava perguntei:
-Mas ele está na frente da sua casa, onde?
-No pé de Jamelão.
Estava explicado. A criatura cultivava um maldito pé de Jamelão num terreno do vizinho como se fosse seu.
Todos os dias ela pegava um regador e molhava o bichinho com se ele precisasse daquelas míseras gotas de água.
O pior é que o fruto que o bendito dava era o maior de todo o condomínio!
Aliás, Jamelão é o que não falta por aqui, mas a molecada gostava mesmo de atormentar a velha e roubar os frutos que ela nunca vai comer, pois mal conseguia levantar os braços, quanto mais colher os frutos.
E se a gente parar mesmo para pensar, o Jamelão é uma frutinha tão besta que não se vende nem nos mercados e mercearias!
Além de tudo deixa a língua azul!
Respirei fundo e falei:
-Se ele está na frente da sua casa, manda ele entrar que eu brigo com ele.
Por um único segundo eu fiquei feliz, pois ela o mandaria para casa, eu daria todas as instruções para o restante do dia e caso resolvido.
Entrei rapidamente para lavar a louça que sujei e ouvi, novamente, alguém aplaudindo no meu portão.
Eu não acreditei quando via a Dona Alda parada na minha porta!
Não era possível! Aquela velha não foi se arrastando até a última rua e voltou em tão pouco tempo!
A velha, não sei se por esquecimento ou por caduquice, foi logo dizendo:
-Seu filho está falando palavrão na minha porta!
Respirei mais fundo e falei incisivamente:
-Se ele está na sua porta, manda ele entrar que a Mãe dele está chamando.
Dessa vez eu fiquei parada no portão porque tinha que me certificar de que ela ia realmente até o final do condomínio.
Acompanhei o seu movimento até mais da metade da rua, pois estava prá lá da atrasada e tinha mais uns 50 “aborrecentes” me esperando.
Quando não agüentei mais o sofrimento de ver aquela figura se arrastando vagarosamente por entre o barro da rua, entrei.
Foi só eu entrar e não demorou nem 5 segundos e ouvi, de novo, alguém aplaudindo.
Não era possível!
Quem era, realmente, a Dona Alda?
Um ET, uma bruxa ou um ex-men?
Ela só podia ter uma identidade secreta!!
Nem bem cheguei ela desatou a falar:
- Seu filho está falando palavrão na minha porta!
Já com a bolsa pendurada no ombro, trancando a porta, respondi:
- PORRA, PUTA QUE O PARIU, CARALHO! Já disse para esse moleque não falar palavrão!
Nunca mais vi Dona Alda, mas sei que ela espalhou que nada adianta reclamar do meu filho para mim porque eu tenho a boca muito suja.
Tenho que confessar que a vida tem sido muito mais tranqüila.
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